Jacira Jacinto da Silva

 

Presidenta da CEPA – Associação Espírita Internacional

 

 

 Estimados companheiros,

 

Sinto-me extremamente honrada em poder transmitir a Palavra da CEPA, ao se apagarem as luzes do nosso III ENCONTRO ESPÍRITA IBERO-AMERICANO, realizado na cidade de Vigo, Galícia, Espanha, de 28 a 30 de abril de 2018. Tivemos a satisfação de testemunhar a realização do primeiro evento de âmbito intercontinental da CEPA, que se transformou em Associação Internacional no Congresso de 2016 acontecido em Rosário, Argentina.

 

Esses dias na Galícia foram de extraordinário proveito para os participantes do III Encontro Ibero-Americano, organizado por AIPE e CEPA Internacional, cujo lema foi “Cultura Espírita: Uma Contribuição ao Progresso da Humanidade”.

 

Foram 21 exposições, entre conferências e painéis, todas de extrema valia, revelando muito conhecimento. Segue um breve resumo extraído da Avaliação apresentada ao final, para permitir que os leitores tenham noção das ideias e conceitos apresentados e desenvolvidos durante o evento.

 

“1. Na conferência de abertura, com o tema “Justiça, ética e cidadania sob a ótica espírita”, foi proposto que o Centro Espírita se transforme em um espaço aberto favorecendo a discussão sobre temas diversos, relacionados com a convivência humana e social. Em especial, que os Centros possam atuar em termos de ética, cidadania e justiça com diretrizes fortalecidas pela filosofia espírita.

 

A terra, a semente e a árvore foram utilizadas como imagens metafóricas, valorizando a importância da terra preparada para receber a semente, assim como o resultado do esforço para evoluir moralmente para se converter nessa árvore que dá frutos que contêm sementes, para repetir o ciclo e fazer que cada dia mais pessoas entrem no círculo dos que evoluem conscientemente.

 

A partir dos conceitos “incerteza e efêmero”, que dão caráter à sociedade atual, se propõe trazer ao nível consciente a certeza da finitude da vida, com o propósito de uma mudança de paradigma que nos proporcione viver o dia a dia com maior valorização das coisas simples e profundas, formulando que a “não permanência” nos possa aproximar da espiritualidade.

 

O questionamento individual sobre o que é e o que não é o perdão, e que benefícios nos traz, propicia o surgimento de perguntas e respostas íntimas que fazem os seres humanos tomar consciência de suas próprias feridas emocionais. O perdão é uma ferramenta pessoal em prol da obtenção da cura emocional.

 

Diante dos desafios atuais da investigação científica com temática espírita, propõe-se identificar caminhos de exploração focalizando-os na metodologia. Base essencial para investigações de alta qualidade. A partir das reflexões kardecistas sobre o método, apresentam-se alguns instrumentos metodológicos – aplicados em várias áreas das ciências naturais e sociais – e sua aplicação na investigação espírita. Deixam-se, como contribuição, algumas questões e desafios a serem aprofundados pelos estudiosos.

 

A ideia da reencarnação trás a noção das consequências morais, dando um sentido mais profundo da realidade individual e existencial porque por ela e através dela cumpre-se o objetivo do espírito: sua evolução. Os conceitos éticos e morais que se depreendem da ideia reencarnacionista e das demais leis espirituais, tal como as apresenta o Espiritismo, poderiam contribuir enormemente ao progresso espiritual do Ser Humano e, portanto, de toda a sociedade humana.

 

Formula a importância da significação histórica do Espiritismo, situando-o como um dos quadros com o qual a humanidade conta para trabalhar com seu próprio autoconhecimento, mostrando a rota ascendente da consciência humana e suas etapas.

 

Sugere-se que tudo é espiritualidade, manifestando-se desde o mais simples ao mais complexo.

 

Manifesta-se que o espírito identifica-se com comunicação e possibilidade de participar naquilo que está além de si, mediante a inteligência, com capacidade para interrogar-se e buscar o sentido da vida humana, sendo atores e espectadores, buscando o sentido da vida, conectando-se com a humanidade, tomando distância da realidade circundante em um ato transcendente de liberdade evolutiva.

 

Propõe a formação e o desenvolvimento de centros espíritas sobre alicerces que sirvam de base sólida, pontuando objetivos claros, prioridades, prática equilibrada da mediunidade realçando elementos importantes como a união entre seus componentes, e oferecendo acolhida a novos integrantes de acordo com os ideais exercidos.

 

Destaca a importância de que o Espiritismo seja incorporado na vida das crianças com Naturalidade. E que a transmissão do conhecimento espírita seja adaptada a sua compreensão, e mediante técnicas consensuadas, ir descobrindo fundamentos, conceitos, ideias, da filosofia espírita. Estabelecer experiências vivenciais nas quais a criança se sinta parte e possa compartilhar o que tem em comum com outras crianças: valores como a amizade e a alegria, que deixam nelas sentimentos de felicidade, inclusão e valoração.

 

Na área da medicina e saúde, analisam-se conceitos sobre saúde mental e doente mental ao curso da história, expressando que o Espiritismo traz uma nova conceituação dos processos de saúde e enfermidade com a compreensão do espírito e sua imortalidade.

 

São abordadas as diferentes dimensões do sofrimento do doente em fase terminal e a forma com que a medicina, na atualidade, se ocupa da dimensão espiritual. Faz-se uma reflexão sobre sua repercussão na postura dos profissionais da saúde diante do enfermo no final de sua vida física.

 

Formula-se a importância das crenças para a transcendência do espírito, levando em conta que em certas ocasiões convertem-se em estruturas mentais limitantes, propondo-se a ampliação da consciência na busca de destravar essas estruturas que inibem ações e assertivas, rumo a terapias que ajudem o reequilíbrio, detectando, modificando e eliminando as pautas errôneas para recobrar a saúde a partir de un ponto de vista holístico e integral.

 

Enuncia-se a influência do pensamento como meio transformador do ser humano e da humanidade, seu alcance e sua consequência, propondo-se técnicas diversas que contribuam com esse objetivo.

 

A partir das agendas da sociedade atual, com suas complexidades, propõe-se a necessidade de atualização e evolução do Espiritismo, observando, objetivamente, a dificultade na motivação dos jovens para manter e melhorar o obtido pelos espíritas dos séculos XIX e XX.

 

Projeta-se a possibilidade de utilizar o pensamento sistêmico no espiritismo, isto é: redes dentro de redes, vida corpórea e vida espiritual integradas e relacionadas umas às outras, interagindo com outros sistemas.

 

A busca do progresso do espírito requer a educação da natureza emocional, de sua inteligência e o necessário ajuste de seu livre-arbítrio. Só o uso holístico da aprendizagem que, entretanto, adquiriu o respeito da inteligência racional e emocional, lhe permite chegar ao entendimento integral de suas responsabilidades, o que requer o desenvolvimento último da natureza espiritual de sua inteligência.

 

Propõe que a felicidade não é um objetivo, mas que está implícita no processo evolutivo, que é uma aspiração constante e repetidamente experimentada, já que a felicidade, cientificamente definida, é uma percepção subjetiva de bem-estar, e é a raíz subjacente, a motivação intrínseca que propicia e alimenta o progresso, mas que, por sua vez, se recria e se retroalimenta do processo reencarnatório.

 

Manifesta que a mediunidade é um dos princípios paradigmáticos do espiritismo, e, ao mesmo tempo, se se constitui no principal método de produção de conhecimento espírita. Sem demérito do uso da mediunidade no auxílio de espíritos, encarnados ou desencarnados, em situação de sofrimento físico, psíquico e moral, a mediunidade é essencial como método de estudo, investigação e atualização do espiritismo.

 

Vídeo de arte - Não se trata de arte mediúnica. Arte sim, mas sem adjetivos qualificativos, executadas através da visão e dos sentimentos, das forças expressivas de pessoas espíritas. Tudo vibra, e quando o espírito encarnado faz de sua vida um aprendizado, de sua vontade uma ferrem anta, e de sua evolução um objetivo, a vibração que alcança conduz a un plano espiritual na mesma sintonia. É um sistema solidário de estudo e realização. Dependendo dos estados pessoais, dos conhecimentos adquiridos e de fatores sutis de forças energéticas especiais, a intuição toma forma, é diferente em cada um, e se desenvolve. Porque o ser espírita compromete, faz de cada um responsável. E isso não quer dizer que toda a obra produzida siga esse rumo, mas que uma parte do desenvolvimento do espirito nesse camino seja conscientemente comprometida com a expansão de uma faceta que redunde em benefício do progresso da humanidade.

 

Vigo, 30 de abril de 2018.”

 

Além disso, houve uma noite musical, na qual todos puderam desfrutar de boas canções e um tempo de relaxação. Encerrou-se o evento com a leitura da avaliação exposta, que esteve a cargo de Nieves Granero. Seguiram-se as palavras do 3º Vice-presidente da CEPA – Região da Europa, Juan Antonio Torrijo Latorre; de Rosa Díaz, representando a AIPE y também como assessora especial de CEPA, e da presidente da CEPA.

 

A leitura da avaliação dos conceitos expostos é suficiente para revelar o nível deste III Encontro Espírita Ibero-Americano em termos de conhecimento. De fato, uma grande oportunidade para o desenvolvimento do espiritismo Ibero-americano, no qual o esforço de todos soma-se à trajetória já existente para seguir avançando.