Ex-presidente de la CEPA (2008/2016)
Na última edição de A PALAVRA DA CEPA, sua presidente atual, Jacira Jacinto
da Silva, faz excelente crônica do acontecido na cidade de Vigo, quando da
realização do III Encontro Espírita Ibero-Americano, realizado em conjunto
por CEPA e AIPE.
Gostaria de retomar esse tema a partir de outro ângulo: a confluência de temas e abordagens dos diferentes expositores, que levava a pensar em um prévio direcionamento dos organizadores, ao passo que, na realidade, foi dada plena liberdade dentro de um espectro bastante amplo, tal como propunha a temática central: “Cultura Espírita – Uma contribuição ao progresso da Humanidade”.
Uma interessante coincidência de opiniões foi “tecendo” uma rede de temas que se uniam e se complementavam. É evidente a motivação produzida pela temática central do Encontro entre os expositores: analisar o sentido da vida, o impacto da espiritualidade no cotidiano e a importância de abrir a mente para novos conhecimentos.
Tais coincidências têm um significado entre os que estamos acostumados a participar de eventos espíritas. É que a consciência coletiva vai tomando caminhos similares entre os que guardamos afinidade com esses temas.
Embora saibamos que sempre é bom retomar os temas básicos do Espiritismo, porque têm plena vigência, um novo olhar à luz dos paradigmas atuais traz aportes que os enriquecem.
Nos diferentes momentos vividos pelo Espiritismo relativamente à evolução do conhecimento universal, fez-se necessário tratar os temas a partir de distintos ângulos. Nos primeiros tempos, o Espiritismo foi veementemente combatido pelas religiões tradicionais e, então, era mister expor com força seus princípios. Vieram após tempos de mostrar suas fortalezas e falar de sua filosofia otimista e esperançosa.
Hoje, em pleno Século XXI, ninguém mais se assombra quando falamos de vidas sucessivas para explicar a justiça de Deus ou a evolução do espírito. A espiritualidade que sempre esteve presente no Espiritismo aparece por todos os lados, deixando de ser exclusividade das religiões tradicionais.
Entretanto, também os espíritas, e com eles o Espiritismo, necessitamos de um olhar renovador, à luz dos novos avanços da ciência, os quais, longe de contradizer os princípios espíritas, se aproximam deles.
Quando me convidaram como expositor deste III Encontro me ocorreu que o tema central seguia sendo “a aproximação da Espiritualidade”, como foi o Congresso de Rosario e, assim, levei como trabalho a temática da necessidade de revalorizar a preciosa oportunidade de cada encarnação e de cada situação que atravessamos como um aprendizado ao processo individual e coletivo. Também o utilizei como desculpa para falar de um tema que poucas vezes abordamos: a morte física como uma mudança de ciclo natural e não como uma etapa de sofrimento.
Minha surpresa foi que quase todos os temas estavam marcados por alguns dos tópicos que me interessaram: desde o convite a viver com ética presente na exposição de Jacira, passando pelo “Redimensionamento do paradigma espírita”, de Oscar García, “A Vida como um processo de iluminação, de Mauro Barreto, o enfoque de “Saúde mental e Espiritismo, de Gláucia Lima, ou a visão dos “Cuidados ao final da vida e Espiritualidade”, proposto por Paula Silva, sem esquecer da excelente exposição de João Gonçalves sobre “Inteligência e Livre arbítrio” ou a inteligente palestra de Roberto Alvarez sobre a importância de compreender a “Dimensão Espiritual como fonte de sentido e propósito para a vida”.
Foi muito estimulante encontrar novos expositores da Espanha e Portugal que não conhecíamos, e agradecemos a Rosa Díaz, Mercedes García e Juan Torrijo por esses convites que enriqueceram a grade da programação e trouxeram olhares muito interessantes em relação ao tema central.
Destaco que os vídeos de todas as conferências estão disponíveis na página web de Mindalia, acertadamente convocada pelos espíritas espanhóis para disponibilizar os conteúdos: www.midalia.com . Ali, é só buscar Encontro Espírita Ibero-Americano.
Creio que além das coincidências observadas, abre-se um panorama interessante com vistas ao próximo Congresso da CEPA, que já está anunciada para Madri 2020.
Sabemos positivamente, e isso terminou comprovado uma vez mais, que quando as vontades se unem por trás de um objetivo transcendente, o “universo conspira” e os espíritos ajudam para que haja bons resultados. Hoje, os espíritas espanhóis têm em suas mãos a responsabilidade de se unirem em torno de um propósito verdadeiramente importante: chegar a consesos que permitam a concretização do primeiro Congresso da CEPA na Europa.
Desnecessário ser um grande Congresso. Importante, sim, que sirva para nos unir ainda mais no objetivo comum de guindar a Doutrina Espírita ao lugar que lhe cabe.
Agradecemos a nossos amigos espíritas espanhóis por esta nova jornada e fazemos votos que o próximo Congresso seja exitoso em harmonia e conhecimentos.