Jacira Jacinto da Silva

Presidente de CEPA - Associação Espírita Internacional

Caríssimos companheiros,

Antes de tudo, quero registrar meus sinceros agradecimentos aos integrantes da Equipe de Comunicação, representada por Argentinos, Brasileiros, Porto-riquenhos, Venezuelanos e Espanhóis, pelo esforço que têm

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Milton Medran Moreira

Assessor de Relações Internacionais da CEPA

O equilíbrio entre as leis de conservação e de progresso

Milton R. Medran Moreira

Assessor de Relações Internacionales da CEPA

Não há mudança sem crise.

O homem e as instituições, embora tendam ao progresso, demoram-se na superação dos estágios a que chegaram.

Da mesma sorte que há uma lei de progresso, perdura uma de conservação. Ambas desempenham papéis de importância. Se aquela impulsiona o homem para frente, esta consolida suas conquistas. Se aquela escreve a fascinante aventura do homem sobre a Terra, esta fortalece os valores amealhados. Se aquela assume riscos, esta recomenda prudência.

Mas é inevitável, na história de cada indivíduo e de cada uma de suas instituições, o momento do choque das duas tendências.

Inevitável também é a crise decorrente do choque. Sem ela as mudanças não se operam.

Um movimento de ideias das dimensões do espiritismo não está infenso ao entrechoque de pensamentos, nem à crise e, tampouco, às mudanças.

É certo que na base do pensamento espírita estão sólidos princípios que balizam e identificam sua filosofia. Mas princípios, embora basilares, não podem dar lugar à estagnação do processo de ampliação do próprio entendimento e aplicabilidade daqueles postulados.

Imortalidade do espírito, comunicabilidade, evolução pelas vidas sucessivas são princípios gerais, de caráter permanente, gravados em nossas consciências e aos quais chegamos pela via da racionalidade. Sua compreensão, todavia, e a respectiva aplicação à vida tanto podem servir à cristalização de ideias e procedimentos quanto ao progresso e atualização constantes.

Em tempos recuados, esses mesmos princípios se constituíam em conceitos privilegiadamente compartilhados por uns poucos iniciados que os guardavam a sete chaves. Sua vulgarização é obra das religiões que, no entanto, arbitrariamente, deles se apropriaram, cercando-os pelo mistério da sacralidade e da sobrenaturalidade.

A proposta espírita é de inserir Deus, a imortalidade e a ideia da vida futura no mesmo conceito da naturalidade e da vida. Só assim esses princípios se dinamizam e operam o efeito objetivado pelo espiritismo: a melhoria do homem e do mundo.

Apesar da clareza dessa proposta, o movimento que institucionalizou o espiritismo fê-lo fascinado por uma visão religiosa de seus princípios.

Visto religiosamente o espiritismo dissocia-se da vida, que não é religiosa, mas natural.

Visto como lei natural, ele ilumina a vida em todas as suas manifestações, fazendo-se dinâmico como ela própria.

É claro que essa visão natural de dogmas há séculos aprisionados pelas religiões como bens de sua exclusiva propriedade e administração gera crise. A crise da mudança. Até porque também se dogmatizou a ideia de que o bem e a virtude são valores religiosos, quando, na verdade, são conquistas decorrentes da própria compreensão da vida, no seu dinamismo e integralidade.

Ao cristalizar a visão religiosa do espiritismo, o movimento deu lugar ao desequilíbrio entre a lei da conservação e a do progresso .

A reação que a isso fizeram, em toda a caminhada do espiritismo, alguns de seus segmentos, dentre os quais, e vigorosamente, a CEPA, sempre deram lugar a crises. Como de regra, essas crises produziram e seguem produzindo mudanças.

Vivemos, no movimento espírita contemporâneo, um típico momento de mudanças. A CEPA – Associação Espírita Internacional, inserida que está nesse processo dialético, sente-se imensamente gratificada por presenciar e vivenciar esse momento. Ele indica o atingimento de uma síntese, ou, utilizando-nos da terminologia kardeciana, aponta para a conciliação entre a lei de conservação e a lei do progresso.

Jacira Jacinto da Silva
Presidente de CEPA - Associação Espírita Internacional

Prezadas e prezados, passamos três dias juntos e foi extremamente positivo!

Tudo passa nesta vida e o nosso colóquio também se vai ...

Entretanto, o balanço não poderia ser melhor.

Antes de tudo temos de reconhecer que sabemos muito menos do que nos falta conhecer. Essas jornadas de estudo são oportunidades especiais que bem aproveitadas servem a quem busca verdadeiramente conhecer o Espiritismo e viver segundo seus postulados.

Diante de tantos ataques à Teoria Espírita, intencionais ou não, passar três dias debatendo o seu conteúdo com pensadores de alto nível e comprometidos com a mais autêntica e legítima honestidade intelectual, é um regalo para todos nós. Significa também, importante evolução do conhecimento.

Desde o dia em que Leon Hipollyte Denizard Rivail questionou a possibilidade de um objeto dar respostas inteligentes às questões propostas, a humanidade passou a acessar novas informações provenientes da dimensão espiritual, demasiadamente impactantes e suficientes para promover uma verdadeira revolução no conhecimento humano.

Arthur Conan Doyle denominou esse momento histórico de “invasão organizada”. De fato, saber que somos espíritos imortais em constante crescimento e possuímos diferentes corpos nas sucessivas encarnações, implica completa inversão do pensamento até então dominante, de que seríamos um corpo e teríamos uma alma, cujo destino após a morte física seria o céu ou o inferno a depender do julgamento divino.

Esse ponto de partida suscitou inúmeras dúvidas, desvendou um horizonte de questões infindáveis e desencadeou a busca por mais conhecimento. Passados mais de um século e meio, muitas frestas foram abertas, colocando luz no obscurantismo então vigente; entretanto, a vida que levamos, pautada no egoísmo e em todas as consequências perversas derivadas desse vício maior, sinaliza para o estágio de primariedade dominante em nossos dias.

Não me refiro aos outros; não reflito sobre o que religiosos, filósofos, agnósticos e ateus, não são capazes de fazer. Não, queridos companheiros, minha consciência me obriga a falar de uma humanidade carente de amor, desprovida de solidariedade e de todas as virtudes necessárias para reconhecer que é impossível construir um estado de felicidade, mirando apenas nos próprios interesses. Nós, é o pronome mais adequado para expressar quem são os seres humanos que não absorveram ainda nem mesmo a frase atribuída a Jesus de Nazareth, que teria sido dita há séculos - dois mil anos, propondo fazermos aos outros o que gostaríamos que nos fosse feito.

O que faremos com o conhecimento adquirido nesses três dias de estudo? Todos os temas foram trabalhados com maestria e poderão implicar em alguma melhoria de nossa vida e do nosso mundo se soubermos transformá-los em atitudes.

Kardec organizou as pilastras que sustentam o Espiritismo, porém, é nosso papel construir o edifício, estudando, trabalhando, agindo, transformando dores em alegria. Esse é o grande desafio. Saber para fazer, pois em pleno Século XXI vivemos atormentados por fome, guerra, doença, violência, abandono e indignidade, marginalidade, vícios, discriminação, destruição, desrespeito etc.

Evidentemente, essa situação de tantas injustiças sociais revela um paradoxo, já que em 1857, 90 anos antes da DUDH, o espiritismo preconizou a defesa dos direitos fundamentais, assegurando, especialmente, o respeito aos direitos humanos. Logo se vê sua característica vanguardista.

Levado em conta o tempo de existência da humanidade, o Espiritismo seria um recém-nascido; entretanto se pensarmos que em 20 anos experimentamos um extraordinário avanço tecnológico, concluiremos que já vivemos tempo suficiente para produzir melhores resultados com essa filosofia gigantesca, inovadora e vanguardista.

Certos da existência de Deus, não como alguém que julga e condena, mas como o desabrochar de um novo dia pela força da energia que no nascimento do sol, ilumina e dá vida; convictos da sobrevivência da alma e na possibilidade da comunicação mediúnica; cientes da lei de evolução neste e em outros mundos e principalmente compreendendo a reencarnação como uma oportunidade grandiosa e misericordiosa para aprender e crescer sempre, podemos fazer muito mais.

Começamos este nosso 1º Encontro Euroamericano com a apresentação de uma peça artística belíssima, falando que “vale a pena saber que se pode”, propondo “esperança” e alertando que “nunca se alcança se nunca se tenta”.

Temos de sonhar, esperançar, viver diariamente a utopia que nos faz dar um passo à frente. Acreditar que se pode e dedicar energia para realizar; foi para isso que embarcamos nesta viagem e não podemos voltar sem nenhuma bagagem.

Certamente, não temos parado para refletir sobre o estágio de barbárie e ignorância em que nos encontramos. A informação de que o planeta terra está mais próximo dos mundos primitivos do que dos mundos felizes, celestes e divinos, faz muito sentido neste panorama atual, de dor e sofrimento, em que nos mostramos incapazes de nos sensibilizar com a dor do semelhante.

Que pensar de um mundo em que uma mulher declara em conversa trivial, possuir 30 batons novos, na caixa, sem abrir. No mesmo contexto, uma Instituição filantrópica, dedicada a minimizar a injustiça social lhe pede uma contribuição mensal, equivalente ao valor de um baton, mas sua resposta é de que “não pode” e, de fato, não se compromete. Que mundo é esse?

Quantos de nós tem refletido sobre nosso verdadeiro papel nesta existência? Não estamos todos aqui para fazer a mesma coisa, mas sim, viemos todos trabalhar para um objetivo comum: a transformação do planeta em um mundo mais justo, mais solidário, mais digno, melhor etc.

Falamos de empatia, de produção de felicidade, sobre a necessidade da paz, de respeito ao avanço científico, a saúde da humanidade e de tantos outros temas valiosos e importantes para a evolução; entretanto, em nosso dia a dia somos refratários a esses sentimentos nobres. Para sustentar a alteridade e o respeito, incumbe-nos escutar o outro, dar-lhe voz, verdadeiramente considerar a sua opinião, e não pretender que apenas aceite nosso ponto de vista, ou desprezá-lo quando não se mostra em conformidade com a nossa opinião.

Não olvidemos o objetivo do espiritismo, de promover a transformação da humanidade, conforme Kardec em O Livro dos Médiuns. Podemos começar, como foi sugerido neste colóquio, reconhecendo que somos todos diferentes e que não temos o mesmo nível de compreensão.

Assim, prezados companheiros, estamos encerrando esta bela jornada, em que muito foi dito, com esforços extraordinários de todos.

Considero que fomos agraciados com uma importantíssima chance de estudo, reflexão, compartilhamento e amizade. Esses são gestos generosos que por si mesmos carregam uma conotação pedagógica; afinal, dedicar todo um fim de semana à discussão de temas relevantes e atuais, é também doação.

Muito obrigada a todos. Gratidão imensa aos companheiros que não arredaram pé, assistindo, aplaudindo e apresentando questões. Por certo trouxeram grandiosa colaboração que precisamos absorver, reproduzir, fazer valer em nosso dia a dia.

Também aos expositores deixamos nosso abraço de gratidão, lembrando que estão promovendo ao mesmo tempo, nosso aprimoramento intelectual e o avanço da CEPA.

Quiçá possamos melhorar, ainda que minimamente, o nosso estilo de vida na rotina diária, experimentando praticar a ética, a tolerância, a partilha, o respeito à diversidade.

Homens, mulheres, população LGBTQI+, pretos, brancos, amarelos, com ou sem deficiência física, com mais ou menos dinheiro, jovens ou idosos, somos todos viajantes, com tempo indeterminado para regressar, mas muito seguros de que não poderemos levar em nossas bagagens nenhum bem material.

Mais uma vez, nossa imensa gratidão a todos que contribuíram para a realização desse encontro, técnicos, tradutores, apresentadores, assistentes, conferencistas e artistas.

Parabenizo e agradeço uma vez mais, aos organizadores Mercedes, David, Rosa, Juan, Nieves Antonio e Pura, pelo extraordinário e irreparável trabalho, elaborado em curtíssimo prazo. Muchas gracias, queridos.

Vamos desfrutar logo mais de mais um trabalho artístico. Depois, devemos descansar e seguir refletindo até o nosso próximo encontro, quando avançaremos um pouco mais em nossas descobertas intelectuais.

A CEPA externa sua imensa e eterna Gratidão a todos.

Um abraço meu, muito carinhoso. Muito obrigada a todos.

Jacira Jacinto da Silva
Presidente de CEPA - Associação Espírita Internacional

Dia 20 de maio é festivo para a CEPA, já que CIMA está completando 62 anos de atividade.

Quando pensamos no Movimento de Cultura CIMA, imediatamente nos lembramos de sua referência maior, o amigo querido e hoje símbolo da CEPA, Jon Aizpúrua, que há mais de 50 anos participa ativamente do trabalho espírita realizado na Venezuela.

Pensar em CIMA e em Jon, é recordar também o mentor dessa história David Grossvater, em cuja personalidade, nosso companheiro Aizpúrua se inspirou desde pronto para os estudos espíritas.

Claramente, CIMA tem nesses dois nomes a sua base e a sustentação maior; todavia, não teria permanecido, evoluído e transcendido a tantas dificuldades enfrentadas no país se não tivessem chegado, sempre, outros companheiros valiosos que puseram suas mãos e mentes a trabalho do espiritismo e do importante movimento da Venezuela que hoje faz aniversário.

O CIMA é uma instituição de grande destaque no cenário espírita internacional, não apenas pelo seu envolvimento perene com a CEPA, mas principalmente pela sua trajetória absolutamente comprometida com os princípios kardecistas, voltada ao estudo e à divulgação desta Filosofia que nos anima a prosseguir sempre. As ações, a dedicação e o posicionamento claro de CIMA sempre denotaram extrema afinidade com o viés humanista, pluralista, progressista e fraterno, tão caro à CEPA.

Estudando e difundindo o espiritismo como filosofia, ciência e moral, jamais compactuou com distorções que tanto comprometeram o espiritismo no Brasil.

A CEPA e os espíritas do mundo identificados com a sua forma livre de absorver as lições espíritas se sentem profundamente honrados e agradecidos pelo esforço percebido nos companheiros espíritas que hoje estão à frente de CIMA, por serem capazes de superar todas as dificuldades do trágico momento sociopolítico enfrentado no país, reinventando-se e propondo mais atividades de difusão do pensamento espírita, a despeito das dificuldades do país e agora também apesar da pandemia.

Em nome do Conselho Executivo da CEPA quero expressar meus efusivos cumprimentos ao movimento de cultura CIMA e a todos os seus trabalhadores, do passado e do presente, por terem a iniciativa, iniciarem e darem prosseguimento a esse trabalho exemplar de autêntica vivência espírita.

Agradecidos, estendemos aos companheiros encarnados e desencarnados um carinhoso abraço, desejando que a equipe esteja unida, que o movimento se reforce e se renove a cada época, seguindo como atuam hoje na condição de exemplo para toda a comunidade espírita do planeta.

JACIRA JACINTO DA SILVA

Presidente da CEPA – Associação Espírita Internacional

20 de maio de 2020

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Jacira Jacinto da Silva
 
Presidenta da CEPA – Associação Espírita Internacional
 
 
 Estimados companheiros,
 
Sinto-me extremamente honrada em poder transmitir a Palavra da CEPA, ao se apagarem as luzes do nosso III ENCONTRO ESPÍRITA IBERO-AMERICANO, realizado na cidade de Vigo, Galícia, Espanha, de 28 a 30 de abril de 2018. Tivemos a satisfação de testemunhar a realização do primeiro evento de âmbito intercontinental da CEPA, que se transformou em Associação Internacional no Congresso de 2016 acontecido em Rosário, Argentina.
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