Salomão Jacob Benchaya
Cláudia Régis Machado

Uma breve história do espírito é o nome do livro de Alexandre Cardia Machado, um ótimo livro que vale a pena de ser lido e estudado. É o que estava faltando na literatura espírita porque ser inovador trazendo a integração do que a ciência estudou sobre origem do universo e a evolução dos seres vivos com a contribuição do Espiritismo. Trazendo uma peça fundamental para nós, “o espírito”. Discorrendo também com muita propriedade sobre a relação do espírito com a matéria, e ainda mais com a pluralidade dos mundos habitados e a não interferência desta no desenvolvimento da geração humana.

Livro escrito para espíritas e simpatizantes que tem fome de conhecimento nesta área. Pessoas que se interessem pela tese de como os espíritos surgem e se manifestam no universo bem como seu desenvolvimento. Ou seja, de onde viemos!

Com este trabalho Alexandre expande e atualiza a Doutrina Kardecista criada há 166 anos, para que esta caminhe, atendendo e respondendo às questões humanas. O Espiritismo necessita ser sempre revitalizado e o autor através de seu esforço traz esse frescor para nos levar a querer sempre estudar mais, discutir e refletir.

O livro é como se diz “um livro de fôlego” visto que não trata de comportamento moral onde as pessoas se identificam com mais facilidade, mas de tópicos da Doutrina Kardecista importantes para o entendimento da gênese humana.

Alexandre estudioso e entusiasta de Cosmologia tem publicações de artigos em periódicos espíritas bem como apresentações de trabalhos em Simpósios, Congressos e Centros Espírita. Presidente atual do ICKS - Instituto Cultural Kardecista de Santos, sendo redator do jornal Abertura.

A estrutura da obra foi pensada para que o leitor possa seguir a leitura em capítulos onde são estudados assuntos que oferecem a compreensão e fundamentação da breve história do espírito.

Usa uma linguagem simples apesar do tema complexo, sem grandes ornamentações linguísticas. Para facilitar ao leitor no entendimento de termos e matérias especificas, utilizou um glossário, no fim do livro, para explicação mais detalhada da nomenclatura peculiar do conhecimento científico. Em sua composição usa também de fotos, gráficos explicativos para ajudar a apreensão da ideia defendida.

Toda a sua tese é embasada em nomes de referência cientifica como Einstein, Hawking, Marcelo Gleiser, Michelson e Morley, para citar alguns, bem como de conceitos científicos, estudos e experimentos explicados de forma clara e acessível.

Procurou verificar pontos na concepção kardecista que necessitavam ser aprofundados e atualizados para ocupar o seu espaço na estrutura do Espiritismo. Concentrou sua análise nos saberes pesquisados pelos encarnados, pois obras espíritas psicografadas de cunho religioso nada ajudam neste tema para esclarecer a humanidade, como bem cita Hernani Guimarães de Andrade.

Nesta resenha quis ressaltar alguns itens dos capítulos que revelassem de forma sucinta a profundidade e a consistência do livro, esperando que isto incentive a sua leitura e estudo.

Por exemplo, no capítulo 2 - Modelo cosmológico espírita possível. O autor fala de Deus, espírito e matéria e desenha uma trajetória cosmológica possível dentro do Espiritismo, com perspectiva da lei de progresso considerando o saber científico atual.

Caracteriza o desenvolvimento do espírito como princípio espiritual iniciando a sua jornada no mesmo momento da criação da matéria dando os seus primeiros passos e classifica e nomeia-o de acordo com cada fase de seu desenvolvimento.

No capítulo 3 - A Caminhada terrestre. Primeiramente trata das diversas descrições do que é a vida, seguido de como ela surge na Terra e as condições propícias e especiais existentes em nosso planeta para o seu aparecimento.

Traz explicações, experiências e estudos que abrangem este tema e a visão do Livro dos Espíritos e de Kardec que era, então, da geração espontânea, acreditando que cada espécie tinha um princípio espiritual pré-definido e realizando uma comparação, revelando o quanto houve de progresso neste assunto.

O capítulo 4 - O ser humano e a Evolução, uma análise pré-histórica. Dando sequência ao processo de vida chega à espécie humana que surge nos últimos cinco milhões de anos, primeiro com os Australopitecos, iniciando nossa diferenciação dos demais primatas até o aparecimento do ser humano.

Explica toda a trajetória dos hominídeos e os indícios e elementos que forjaram este desenvolvimento detalhando quais os fatores que a favoreceram: como a utilização e fabricação de utensílios, a capacidade de conviver e trabalhar em tarefas compartilhadas, a esperteza, a melhor adaptação e desenvolvimento da inteligência demonstrando que o princípio espiritual é um dos principais agentes desse desenvolvimento além de outros itens como a postura ereta,a dieta, o desenvolvimento do cérebro assim como a influencia das mudanças climáticas.

O paralelo com as posições de Kardec está sempre presente onde levanta os pontos principais da Doutrina Espírita sobre a evolução do gênero humano. Examina sempre que possível esta ideia e descreve o percurso científico das mesmas ideias com estudos e descobertas que oferecem fundamento para trabalho.

E toda a evolução foi um caminho de milhões de anos, há 2,5 milhões de anos surge o gênero homo onde há manifestação do espírito propriamente dito não mais do princípio espiritual. O sucesso destes e a extinção de algumas espécies proto-humanas.

O autor termina o capítulo com o surgimento do homo sapiens e descrevendo as raças atuai até a pré-história.

O capítulo 5 - Exobiologia - O autor não é adepto à ideia de seres, advindo da exobiologia, para explicar o crescimento da espécie humana. Demonstra vários argumentos e itens que reforçam a solidificação de sua tese, que a história do desenvolvimento do princípio espiritual em espírito é puramente terrestre.

O autor embora defenda sua tese não descarta a possibilidade de um potencial de vida em outros planetas, porém levanta várias dificuldades como a distância dos planetas, formação dos planetas habitáveis o tempo para alcançar este planeta, isto abordado de uma maneira científica e não na dimensão do divino.

Examina a bibliografia espírita sobre as migrações de espíritos de outros planetas como explicações para os “saltos” da humanidade e continua a defender e evidenciar a ideia de que os saltos evolutivos humanos podem ser elucidados perfeitamente através da história terrestre de forma mais simples sem recorrermos a necessidade de migração de espíritos de outros planetas. Buscou sempre evidências históricas para ratificar a tese que o desenvolvimento da espécie humana ocorreu aqui na Terra e não com explicações de suposições exobiológicas.

Não existe evidência da influência das migrações interplanetárias e esta não encontra eco até o momento com o conhecimento acumulado que temos de nossa origem. A literatura espírita não aponta os fatos claros que justifiquem os saltos ocorridos na população primata da Terra baseada apenas na crença dos espíritos superiores.

Na codificação não há uma explicação de como daria estas migrações.

No último capítulo - A trajetória espírita , antes das conclusões finais levanta perguntas deixando para o leitor refletir se há uma ciência Espírita? Qual o seu método? Qual o seu objeto de estudo? Como o espiritismo é visto pelas instituições cientificas? Isto com intuito de reacender a chama da busca do conhecimento nas fileiras espíritas. Enfatiza como isso tem uma grande importância para várias comprovações e para alçar apoio científico.

Analisa o atual momento que é praticamente de estagnação, que não temos saltos é preciso muitos estudos, pois são raros os trabalhos apresentados neste assunto. Saber das descobertas à custa de revelações mediúnicas, ingenuidade.

Nas considerações finais ressalta que o Espiritismo é um conhecimento que deve andar passo a passo com todas as ciências.

livro alexandre

Os espíritas devem estar preparados para as mudanças constantes utilizando o critério da razão buscando sempre solução mais simples para os problemas. E outras questões mais.

Não deixar o Espiritismo ser uma pseudociência por falta de produção científica.

Termina com uma alusão ao porvir, evoluiremos como espécie?

Convido a todos a descobrir nesta leitura muita informação, e atualização.

O autor não tem a pretensão de responder todas as questões que possam advir deste assunto, a ciência em suas descobertas é dinâmica e questões podem ser levantadas a todo momento, assim como os estudos espíritas que virão poderão dar uma luz em vários pontos ainda não respondidos.

Se você ficou interessado baixe o livro da página https://cepainternacional.org/site/pt/publicacoes .

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* Cláudia Régis Machado, nascida em Santos - SP, Psicóloga, Psicopedagoga e escritora espírita. No Espiritismo é associada e Tesoureira do Instituto Cultural Kardecista de Santos, colunista do Jornal Abertura. Associada da Comunidade Assistencial Espírita Lar Veneranda, publicou dois livros: “Kadu e o Espírito Imortal” e “Desafios do Kadu”.

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